quarta-feira, 16 de outubro de 2013

História da Língua Portuguesa - Paul Teyssier, tradução Celso Cunha.

Antes de iniciar as postagens sobre meu primeiro objeto de estudo: Fedro e sua obra "Fabulae" (Fábulas em português), compartilharei com vocês uma resenha da obra História da Língua Portuguesa, de Paul Teyssier, traduzida pelo Celso Cunha. Elaboramos esta resenha, eu e Karen S. Maganha de Brito, a partir de uma atividade proposta no curso de Letras, com o intuito de compreender o desenvolvimento da nossa língua, originada do Latim. Entendemos que é fundamental o conhecimento destas informações mediante a leitura desta obra - por profissionais da área ou interessados no assunto - para a abordagem e compreensão de toda a estrutura da Língua Portuguesa.

História da Língua Portuguesa


O livro Historia da Língua Portuguesa, publicado em 2001 pela editora Martins Fontes, é uma obra de PAUL TEYSSIER, professor universitário, tradutor e ensaísta francês. Teyssier foi o autor da primeira gramática de português na França e importante divulgador da língua portuguesa; Traduzida por CELSO CUNHA, professor, filólogo, ensaísta e quarto ocupante da cadeira 35 na Academia Brasileira de Letras. A obra está divida em cinco capítulos além das considerações inicias e notas, que desenvolvem uma história concisa, porém exemplar da língua portuguesa.

Paul Teyssier começa o primeiro capítulo da obra falando da origem do português no século XII, época em que aparecem os primeiros textos escritos. Neste período, a língua não se distinguia do galego falado na província da Galícia. A invasão muçulmana e a Reconquista foram acontecimentos determinantes na formação de línguas peninsulares, entre elas o galego-português. No século XI com a tomada dos antigos domínios feita pelos cristãos, os árabes são expulsos para o sul da península, onde surgem os dialetos moçárabes, originados do contato do árabe com o latim. Quando os cristãos repovoam o sul, os dialetos moçárabes daquela região interagem com os dialetos do norte, fator que causa a evolução gradativa no processo de diferenciação do português em relação ao galego – português. No capítulo o autor nos mostra traços da constituição da língua a partir do Latim e apresenta palavras de origem germânica e árabe.

No segundo capítulo notamos que a divisão entre o galego – português e o português teve início de fato, com a independência de Portugal e se fortalece com a expulsão dos mouros e com a derrota dos castelhanos, que tentaram incorporar o país. Neste trecho descobrimos que o motivo da norma do português moderno se divergir da norma do castelhano - sendo ambas as línguas originadas do galego-português - se dá pelo motivo de que esta foi buscada na região centro-sul, onde se localizava Lisboa.

Em meados de 1350, o português já distinguido do galego por motivos políticos, tornou-se a língua de um país com Lisboa como capital região onde a partir daí é formado o “centro de domínio da língua portuguesa” como relata o autor no terceiro capítulo. Inovações e normas serão determinadas e permanecerão neste momento. Quanto à periodização da evolução da língua portuguesa não se sabe ao certo, pois o autor comenta que alguns dos estudiosos baseiam-se nos períodos “arcaico” e “moderno”, outros nas divisões tradicionais da história (Idade Média, Renascimento e Tempos Modernos) ou nas escolas literárias, mas informados da evolução histórica geral do período, podemos compreender os fenômenos linguísticos que são apresentados no decorrer do capítulo.

A língua portuguesa se expandiu por amplos territórios, mas politica e administrativamente, hoje não há resíduos do antigo império. Nas modalidades do português ultramar, o autor ressalta duas influências estrangeiras extremamente importantes na evolução da língua: o bilinguismo luso-espanhol e a influência francesa.

É retratado o grande o esforço em manter a ortografia antiga da língua, mas são inevitáveis incoerências estrangeiras. A reforma ortográfica do século XX elimina algumas irregularidades.

O período entre os séculos XVIII e XIX parece à transição entre o português clássico e o português moderno e contemporâneo, como relata o autor. O vocabulário enriqueceu-se porque se buscava no léxico existente a palavra própria para denotar o novo objeto.

No quarto capítulo o autor aborda a questão da língua no Brasil e nos atenta sobre a alta importância deste assunto, além dos conflitos que a falta de uma língua original proporcionou – e ainda proporciona - tanto aos cidadãos como aos filólogos e escritores. São também neste capítulo relacionadas às palavras de origem tupi (herança do povo indígena que em sua maioria aqui habitava) e as palavras de origem africana (herança dos escravos negros).

Ao se tratar das principais características do Português do Brasil, o autor explica que hoje em dia, dentro da própria língua portuguesa, há as divisões “dialetais” - como denomina o autor. Existe a língua das pessoas cultas, a língua das camadas urbanas gradativamente menos instruídas e os falares regionais e rurais. O próprio autor informa que não existe um estudo específico suficiente diante deste fato, mas que se pode afirmar que é nas camadas socioculturais superiores que são elaboradas a norma brasileira.

Por fim, no quinto capítulo do livro - que se trata especificamente do português na África e Ásia - o autor destaca os territórios em que o português conseguiu resistir como língua oficial, mas também comenta o sério comprometimento da presença da língua na Ásia.

Por meio da leitura desta obra, podemos perceber a riqueza cultural que existe na língua portuguesa e entender o processo de desenvolvimento do português utilizado até hoje em vários territórios. Muitos pensam que essa miscigenação lexical prejudica o nosso idioma, mas com a leitura deste livro é possível compreender que ao contrário disso, o enriquece. A língua portuguesa como sempre, continua criando termos eruditos, recorrendo à língua europeia, italiana, francesa e inglesa, e este pode ser também um fator que maximiza e faculta o aprendizado de outras línguas.

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